sexta-feira, 7 de maio de 2010

O VELHO DA MONTANHA E OS ASSASSINOS


Os Assassinos – cujo nome alguns afirmam derivar da palavra árabe hashishin, que significa “usuários de haxixe”, mas que talvez denominasse os seguidores de Hasan – apareceram pela primeira vez no século XI como uma ordem religiosa secreta. Seita derivada da religião ismaelita, os Assassinos acreditavam que a cadeia da criação tinha sete elos e que a sabedoria divina seria revelada ao homem em cada junção, à medida que ele caminhasse em direção à Deus. Os que buscavam a iluminação passavam por uma iniciação especial antes de ascender a cada novo estágio de conhecimento. Segundo alguns relatos do século XIX, as revelações em cada novo nível negavam tudo que fora ensinado anteriormente. No mais alto estágio, o segredo supremo dos Assassinos era revelado: céu e inferno eram uma única e mesma coisa, todas as ações eram sem sentido e não havia bem ou mal, exceto a obediência ao rei-sacerdote.
O fundador e grão-mestre dos assassinos, Hasan-i Sabbah, intitulado o "Velho da Montanha", foi ficando cada vez mais poderoso no mundo árabe e estabeleceu-se como um príncipe independente. Somente ele mudava os papéis dos iniciandos ismaelitas para o de Assassinos, guerreiros cuja arma favorita era a adaga e para os quais encontrar a morte durante a realização de um assassinato era uma honra. Em geral, os Assassinos atacavam líderes políticos e eram objeto de admiração e medo. Segundo Marco Pólo, “ninguém que o Velho (Hasan) tenha decidido matar pôde escapar, e dizem que mais de um rei paga-lhe tributo por temer por sua vida”.
A seita era rigidamente estruturada em graus de iniciação crescente. Sua sede era uma fortaleza legendária em uma montanha a sudoeste do Cáspio chamada Alamut, o Ninho do Gavião. Privilegiada por sua geografia, impõe-se na paisagem como uma aparição monumental, aterradora e só tinha como acesso uma trilha sinuosa, que podia ser defendida por um único arqueiro. Abaixo do Velho da Montanha estavam os grandes priores (governadores provinciais), os priores (missionários), os iniciados e os noviços. Chamavam a si mesmos de "fedains" e sua causa de "jihad hafi", a "guerra santa secreta".
O recrutamento era simples: seus agentes observavam atentamente os jovens mais aptos, mais inteligentes e inconformados com uma situação social que não lhes dava chance. Camponeses, pastores, artesãos, qualquer um podia de repente, por meio de um pouco de ópio, adormecer e acordar em uma caverna maravilhosa, cercado de luxo, comida, bebida e lindas mulheres que o tratavam como a um príncipe. Dentre os muitos prazeres que eram oferecidos ao novo agente o haxixe figurava com destaque, em constante abundância.
Ao cabo de uma semana durante a qual já não podia mais diferenciar o sonho da realidade aparecia-lhe um dos iniciados que lhe dizia que aquele era o Paraíso dos seguidores fiéis do Velho da Montanha, verdadeiro cumpridor das palavras do Profeta. Suas instruções eram, na verdade, muito simples: devia apenas ficar de prontidão, podendo ser chamado a qualquer hora. Sua missão era igualmente simples: obedecer.
Qualquer ordem podia ser esperada e deveria ser cumprida a risco da própria vida. Se morresse na tentativa (geralmente um assassinato) voltaria imediatamente para o Paraíso e lá desfrutaria eternamente dos prazeres dos quais tivera apenas uma pálida idéia. Se falhasse nunca mais o veria e se revelasse o segredo pagaria com a vida. Um método simples e muito eficiente. Em pouco tempo os Assassinos se revelaram a maior potência política do Oriente Médio e mesmo os Templários e os Cruzados tiveram que negociar com eles. Ninguém podia ocultar-se à sua vingança. Nizamu'l-Mulk, primeiro-ministro do sultão à época da conquista de Jerusalém, foi apunhalado em sua liteira por um deles, que se aproximou disfarçado de dervixe. O atabeque de Hims, mesmo cercado de guardas é morto por agentes suicidas. O marquês Conrado de Montefeltro foi atacado em um banquete por dois Assassinos disfarçados de monges cristãos, dos quais haviam treinado perfeitamente o idioma e os costumes. Naturalmente, foram mortos na hora, como era esperado. Além disso, as artes da sedução e do envenenamento também não lhes eram estranhas. Hasan-i Sabbad morreu em 1124 e com a morte dele o poder dos assassinos começou a diminuir. A seita cindiu-se e, por volta de 1166, os assassinos persas voltaram a uma fé mais ortodoxa. É fácil, portanto, perceber porque semearam o terror na Síria e na Pérsia até que o último dos Velhos da Montanha foi derrotado pelos mongóis em 1256. Mesmo assim, a seita subsistiu na Síria até ser finalmente dispersada pelo sultão mameluco do Egito e, ainda hoje, há indícios de que exista nesses dois países e também na Índia.







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